domingo, 17 de junho de 2012

As HIPOGLICEMIAS e sua insensibilidade em alguns diabéticos



Entre 10% e 15% dos diabéticos são incapazes de sentir as quedas bruscas de açúcar no sangue e sofrem hipoglicemias que podem ser graves

Se esta manhã você saiu correndo de sua casa sem ter tomado café da manhã, com uma, apenas uma recordação de um jantar feito na noite anterior, talvez a concentração de glicose em seu sangue esteja baixando enquanto lê esta reportagem.

Mas não se preocupe. Seu organismo já terá colocado em andamento uma corrente de reações fisiológicas para remediar sua negligência e evitar que seu cérebro fique sem combustível.

Alguns diabéticos que dependem de injeções de insulina, no entanto, não desfrutam dessa proteção.
São insensíveis aos avisos do organismo diante da baixa pronunciada de açúcar no sangue e, portanto, propensos a sofrer hipoglicemias graves que põem em perigo sua saúde e, inclusive, sua vida. São as conhecidas hipoglicemias assintomáticas.
Se voltarmos ao corpo em jejum do leitor comum veremos que, por enquanto, as células beta de seu pâncreas vão suspender a produção de insulina para evitar que metabolize rapidamente o açúcar que ainda circula por seus vasos sanguíneos. Além do mais, as células alfa desse mesmo órgão começarão a secretar glucagom, um hormônio que extrai as reservas de glicose armazenadas no fígado em forma de glicogênio.
E, por último, seu cérebro vai ordenar que se secretem os hormônios do stress (adrenalina, noradrenalina, cortisol e hormônio do crescimento) para dar-lhe sinais de alarme, abrir-lhe o apetite e obrigar-lhe a tomar, ao fim, um lanche.

Se você for diabético insulinodependente a história aqui seria outra. Basicamente, seu pâncreas não poderia produzir insulina porque já não o faz há tempos. Dependeria das injeções exógenas deste hormônio, e se você se a aplicou faz uns minutos, agora nada vai poder limitar seu efeito.

Esse é o motivo pelo qual muitos diabéticos sofrem hipoglicemias com uma freqüência alta. A única coisa que podem fazer é comer algo que eleve rapidamente a concentração de glicose no sangue, e o fazem normalmente alertados por uma série de sintomas (maior apetite, sudorese, tremores, nervosismo, tontura, fraqueza, etc) que se desencadeiam quando a glicose desce abaixo de 55 miligramas por decilitro de sangue (As vezes abaixo de 70 mg/dl, em certas ocasiões, os sintomas são muito evidentes e é necessário atuar) "Valores menores de 55 não podem manter a função cerebral adequadamente", assinala Alfonso López Alva, do Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário de Canárias. 

Alguns diabéticos, sem dúvida, são insensíveis a estes sintomas. A glicose no sangue baixa sem que nenhum sinal de  aviso perceptível se manifeste em seu corpo.Ao não serem conscientes da necessidade de identificar a incipiente hipoglicemia, estão expostos a sofrer quedas bruscas de sua concentração de açúcar e, com isso, progressivamente, mudanças no comportamento, agressividade, perda de consciência, danos irreparáveis em seu cérebro e, inclusive, a morte. As possibilidades de que isso ocorra não são poucas, ainda que existem estratégias para evitá-lo.

A hipoglicemia é um fenômeno muito freqüente na vida dos diabéticos, especialmente naqueles que optam por seguir controle intensivo com múltiplas injeções de insulina para manter a concentração de glicose o mais próxima possível a de uma pessoa comum e assim evitar as complicações crônicas do diabetes.

Alguns estudos tem assinalado que os diabéticos insulinodependentes que tem hipoglicemias constantes com valores de glicemia abaixo de 55 mg/dl, durante 10% do tempo, sofrem uma média de dois episódios de hipoglicemia sintomática por semana e um de hipoglicemia grave ao ano. De fato,  2% de mortes em diabéticos tipo 1 é atribuída à hipoglicemia.Esta freqüência de baixas da concentração de açúcar é precisamente o principal fator contra os diabéticos insensíveis aos sintomas da hipoglicemia. "Quando uma pessoa está habituada a ter hipoglicemias porque as tem de maneira muito freqüente, o organismo se acostuma a estar nesta situação e, então, diminuem os sintomas de alarme", explica Alfonso López Alva, coordenador do grupo de trabalho sobre complicações na Sociedade Espanhola de Diabetes.
 
A solução para o paciente diabético com hipoglicemia assintomática passa por realizar com mais freqüência a monitorização de glicose no sangue capilar para suprir assim a falta de sensibilidade aos sintomas típicos de baixa das concentrações de glicose no sangue.

O fenômeno de se habituar a hipoglicemia

Uma investigação publicada o ano passado na revista Diabete, da Associação Americana de Diabetes, por pesquisadores do King's College de Londres, dava uma explicação neurológica ao fenômeno de habituação dos diabéticos as freqüentes hipoglicemias.Segundo este estudo, seria uma falha na resposta da amígdala e o córtex orbito frontal do cérebro diante da baixa da glicose o que poderia sugerir a existência de um fenômeno de habituação das funções de regulação da conduta que dê lugar à hipoglicemia assintomática.
 
De fato, alguns estudos apoiaram esta hipótese ao demonstrar que ao conseguir evitar as hipoglicemias de forma eficaz durante duas ou três semanas, reverte-se a perda de sensibilidade aos sintomas da hipoglicemia. Mas Alfonso López Alva, da Sociedade Espanhola de Diabete, alerta que esta evidência não deve levar os pacientes a relaxar o estrito controle glicêmico para evitar as hipoglicemias porque os valores de glicemia elevadas de forma sustentada podem conduzir a "gravíssimas complicações crônicas".

Uma dessas complicações, a neuropatia diabética (dano no sistema nervoso), pode estar por trás de alguns casos de hipoglicemias assintomáticas. "A presença de uma neuropatia do sistema nervoso autônomo nas pessoas com diabetes pode diminuir as respostas orgânicas perante o stress de modo geral e a hipoglicemia em particular, piorando seus riscos e severidade", explica López Alva.

Estes são os sintomas presentes (em maior ou menor intensidade) em todas as hipoglicemias. Podem aparecer vários ao mesmo tempo ou de maneira isolada.

fome excessiva
nervosismo
tremedeira ou desequilíbrio
transpiração sem motivo aparente
ansiedade
fraqueza, perda de coordenação
tontura
sonolência
confusão
dificuldade para falar
visão embaçada

Fonte : ADA - Associação De Diabetes Americana.

Tradução
: Portal Diabetes

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